quarta-feira, 21 de março de 2007

A Educação atual no Brasil

Por: Marcio Zonta



O cenário da educação brasileira não é muito promissor se analisarmos os últimos dados levantados pelo ministério da educação – Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e Censo da Educação Básica.





Universalização do Ensino continua baixa

· O ensino básico do ano de 2006 teve 529,740 alunos a menos que em 2005;

· O ensino médio perdeu no último ano 124.483 alunos;

· Apenas na região sudeste perdeu –se 250 mil matriculas no ensino médio;

· Apenas 45,3 % da população brasileira na faixa entre 15 e 17 anos freqüentam o ensino médio;

· O ensino superior é freqüentado por apenas 7,4% da população brasileira entre 18 e 24 anos.

Notas do Enem são as piores desde 2002

· Os quase três milhões de estudantes que fizeram a prova no ano de 2007 tiveram na parte objetiva a pior média desde 2002:36, 90 – 10 pontos inferior a 2003;

· Em nenhum dos Estados brasileiros a média passou de 40%.

Ensino fundamental e médio não evolui

· Entre 1995 e 2005 a média dos estudantes de 3º ano de ensino médio caiu 32,4 pontos em português e 10,6 pontos em matemática;

· Na região sudeste a média em português caiu 36,13 pontos desde 1995 e a de matemática, 10,84 pontos no ensino médio;

· Apenas a 4º série do ensino fundamental sofreu um pequeno avanço de três pontos na média;


· 52% dos alunos da 5ª série das escolas públicas são completamente analfabetos;

· Segundo dados da Unesco, a taxa de repetência entre alunos da 1ª a 4ª série no Brasil é pior que a do Camboja e equivalente aos de países como Moçambique e Eritréia.

Baixo Índice de Leitura (comparação anual com outros países)

Pais

Livro/ habitante

Brasil

1,8

Colômbia

2,4

EUA

5

Europa

7








Ensino Público x Ensino Privado

Embora o desempenho dos alunos tanto da rede privada quanto da pública tenha piorado nos últimos dez anos, dados das últimas avaliações feitas pelo governo federal apontam que aumentou ainda mais a distância da qualidade de ensino entre os dois sistemas.

Tabulação feita pela Folha mostra que a queda entre 1995 e 2005 nas médias no Saeb (exame aplicado pelo Ministério da Educação) foram maiores na rede pública, o que aumentou a vantagem dos colégios particulares. O caso mais grave ocorreu no 3º ano do ensino médio (antigo colegial), em que a diferença entre os dois sistemas cresceu 182,95% em português. Em 1995, as particulares tinham médias 8,27% maiores do que as públicas, número que subiu para 23,4% em 2005. O mesmo movimento aconteceu em matemática e também na 4ª e na 8ª séries do fundamental (antigo primário).



Explicação dos especialistas



Para Lisandre Maria Castelo Branco, professora da Faculdade de Educação da USP, o problema está no desvio de função das escolas nos últimos anos. "A escola é cada vez menos escola. Ela passa a ser um local de assistencialismo quando passa a distribuir camisinha, por exemplo. As escolas mais tradicionais, que têm como função ensinar são as que têm melhor resultado", diz.

Para Roberto da Silva, professor do departamento de administração escolar e economia da educação da Faculdade de Educação da USP, a explicação para a queda de desempenho também na rede particular é a "concorrência" com os meios eletrônicos. "A década avaliada sofreu um verdadeiro "boom eletrônico", com celular, internet e games de todos os tipos que, se despertam outras habilidades, como a resolução de problemas, concorrem com os hábitos de leitura."

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