sexta-feira, 25 de maio de 2007

Piano Moderninho






Por: Alessandra


O compositor santista Gilberto Mendes, se define com o transmoderno, e assim é sua obra. Fundamentais na música contemporânea brasileira, suas composições misturam orquestra, fitas gravadas, xícaras de café e ventilador. Sua obra é mais conhecida ao redor do mundo do que no próprio Brasil, seu berço, porque nunca se preocupou com a comercialiazação e acabou sendo ignorado por grande parcela da mídia.

Foi assim, ao som de um Franz Dorbert, que o pianista Antônio Eduardo trouxe um pouco de Giberto Mendes para a Unicsul na última quinta-feira. A pequena divulgação trouxe um público restrito porém seleto à audição, que aconteceu no auditório FHC.

O pianista, de currículo internacional, nos contou um pouquinho de sua história e projetos em uma conversa de camarim, trazendo seus pontos de vista sobre a moderna música para concerto e o público brasileiro.

Também nascido em Santos, como o autor que hoje representa e de quem é grande fã, Antônio Eduardo prefere os compositores modernos aos clássicos, apesar de ter, em seu repertório, muitos patrimônios da música mundial.

Não compõe. Não por falta de oportunidade, mas porque não sente a “tênue ligação com a criação”. Mas interpreta com maestria, recriando as composições de formas diferentes em cada palco, expressando assim sua musicalidade. Sua única composição, Caledônia, surgiu de um momento de distração, e foi batizada com o nome do chá que curou a dor renal, mas demonstra a sensibilidade do autor Antônio Eduardo.

Defensor da música que se coloca fora da linha mercadológica, principalmente a erudita, acredita que a mídia deveria abrir a oportunidade do conhecimento, a todas as idades, da música de concerto, independente de seu potencial de venda. Para o pianista, o importante é que as pessoas tenham a oportunidade de ouvir a música sem interferências, para que possam ter suas próprias impressões.

Os projetos de comunicação entre expressões artísticas, como a recente junção da obra de Radamés Gnattali e ballet moderno pelo Balé da Cidade de São Paulo também agradam Antônio Eduardo, porque redimensionam a arte e promovem a interdisciplinaridade dela, atraindo novos públicos e permitindo aos artistas recriações do clássico.

Como dica aos universitários ele indica o cinema, para que se veja além da história a trilha sonora, que move os filmes. Ele comenta que, muitas vezes, a trilha sonora é mais interessante que o próprio enredo do filme, e ajuda a educar os ouvidos quanto a capacidade da música de nos transportar no tempo/espaço. Sugere o filme “Além da linha vermelha”, como exemplo de trilha sonora marcante.

Indica também, aos apaixonados por música erudita, a Revista Concerto, que concentra as apresentações recentes, agindo como um guia para quem deseja ouvir a ‘boa música’ como ele a define.

Apesar de ter vários cd’s gravados com interpretações de famosos compositores, seu novo projeto será especial, formado por obras de diversos de compositores nacionais e internacionais, elaboradas especialmente para esta coletânea, a seu pedido. O tema é simples, a ‘Bossa Nova’, mas não serão criações em bossa nova, e sim criações espelhadas nas sensações que a bossa nova nos traz, seu ritmo, sua cadência e, porque não, sua brasilidade.

Se você quiser uma nova oportunidade de ouvir o exímio pianista poderá ir a uma de suas apresentações, no segundo semestre, aqui no Brasil. Ou pode ir a um de seus concertos, no próximo mês, na Bélgica. Tudo depende de sua disponibilidade!

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