domingo, 22 de abril de 2007

Domingo de Conto






Por: Jonas Souza






Livros de John Lennon - Parte 2

O segundo livro de John, A Spaniard In The Works, foi publicado um ano depois, em 1965, no auge da popularidade dos Beatles, na época em que o quarteto recebia a medalha da Ordem Britânica. Enquanto estavam em turnê, o livro chegou às livrarias e se tornou best-seller, o que não passaria pelos olhos da crítica, que associou a grande vendagem à marca Beatles. A Spaniard In The Works se diferencia de In His Own Write por ser mais escatológico, com referências sexuais e personagens com vida própria, como um certo Jesus El Pífco, “pequeno fascista comedor de alho, gorduroso e amarelento”. Segundo o biógrafo da banda, Geoffrey Strokes, A Spaniard... “parecia monótono, sem o elemento de surpresa que tornou In His Own Write tão especial”.

De qualquer maneira, aos olhos da crítica, o fato de ser um livro de John Lennon dos Beatles poderia dar à sua obra uma aura oportunista. É nesse fato que cabe analisá-la num contexto mais afastado do seu trabalho como letrista com a banda. E, conhecendo mais ou menos qual era a mentalidade da maioria esmagadora das fãs ululantes dos cabeludos de Liverpool, ninguém esperaria ansiosamente por mais um livro. Porém, parte da inspiração do Lennon escritor estava embotada pelo compositor, cujo mercado fonográfico exigia letras de rock. Com o passar do tempo e com a influência do psicodelismo, John passaria a utilizar toda aquele imaginário non-sense nas suas letras. É possível que, nesse momento histórico em que ele pôde compor suas canções sozinho, esse lado de seu talento tenha vazado para as letras, principalmente em momentos como no White Album (1968), em músicas como “Glass Onion” ou “The Continuing History Of Bungalow Bill”.

Metade Davi

Já era uma vez um cara que era meio Davi - ele tinha uma missão na vida.
- Sou meio Davi, ele bufava de manhã, meio puto da vida.
No café, lá ele de novo dizendo sou meio Davi, o que dava nos nervos da Betty. Isto não é vida, Davi, uma voz dizia no caminho do serviço, que não era nada mais nada menos que um condutor de alguma cor. “Legal pra você”. Davi costumava pensar, pouco cagando para o problema da cor.

Meio Davi era um vendedor que você tinha que ver, com o dom de ser bom, o que sempre dava nos nervos da Mary. “Parece que eu perdi o ônibus, Cobber”, disse Davi sem compreender bem. "Desça do ônibus então" disse Basubooo uma voz de bater as botas, não sacando o problema da cor realmente ele. “O.K.” disse meio Davi, humilde sem querer ofender. “Mas você gostaria que tua filha casasse com um deles?”

Uma voz parecia dizer quando ele saltou do ônibus como um dividido Davi.

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